Oi...
Meu
nome e Carola Bernoh , sou fotografa, tenho 34 anos, e 34 anos de sobrepeso, de
luta pra emagrecer tentando alcançar um peso que nunca conseguia manter...
Há
10 anos defendo a beleza e a sensualidade da mulher na fotografia, dizendo que
cada mulher precisa se amar como ela é, e eu me dei conta que eu não me amava, não
mais...
Histórico
clínico - um bebe gordo, sobrepeso na infância, adolescência e fase adulta. Com
episódio de muitos remédios para emagrecer, colocação de balão gástrico (o qual
considero um grande engano). Sempre lutei, para chegar ao sonhado peso ideal,
que mudava conforme a época, cheguei a pesar 54 kg por uns 3 meses. Cada dia se
passava, e o peso aumentava, a roupa se ajustava, e eu outra vez chorava sozinha
escutando das pessoas que eu era assim porque eu simplesmente queria.
Mas
quem desejaria ser o monstro que eu via no espelho... Não podia ser por querer,
deveria ter algo errado comigo, tentei tanto, tentei de tudo como dietas, remédios,
chás, academias, vários tipos de exercícios físicos (natação, balé,
hidroginástica, dança do ventre, vôlei, basquete, capoeira, jump, e todos os
tipos de aeróbicos (para não pensarem que não tentei)), mas sempre que pesava
depois de tanto esforço, me fazia desistir, pois ser tão pouco o que eu perdia
que levaria tantos meses pra perder, o objetivo se distanciava novamente, desistia
de tudo, e abandonava no meio do caminho, e chorava me sentia fracassada de
novo e perdia a luta para comida uma e outra vez.
Perder
para comida dói, machuca te faz sentir a pior pessoa e os amigos dizem “FECHA A
BOCA”, você consegue, algumas vezes escutei seu rosto é lindo, porque não
emagrece (eu gritava por dentro, pois se fosse tão simples para mim estaria
magra não é mesmo). Junto com a dieta vai embora à autoestima que já é mínima
nesse estágio.
PROCUREI
ENTÃO MÉDICOS QUE PODERIAM ME OPERAR. UMA VEZ MAIS ESTAVA SOLITÁRIA.
Alguns
amigos diziam que eu morreria, que eu deveria tentar outra coisa, ou que eu
estaria me precipitando que eu poderia morrer, e desconhecidos esses são os
piores, que dão palpites sem te conhecer citando exemplos de vários que
morreram na mesa de cirurgia... Ou que vários obesos tiveram sucesso apenas com
dieta e caminhada (nunca conheci nenhum mas dizem que tem vários), “A MÃE
GRITANDO AO TELEFONE QUE JAMAIS APOIARIA TAL LOUCURA...” (hoje entendo que ela
tinha medo, mas foi doloroso a falta de apoio naquele momento).
PASSEI
POR 3 MÉDICOS, ATÉ ENCONTRAR O DR. CESAR CONTI QUANDO ENTREI EM SEU CONSULTÓRIO
APENAS CHORAVA, NÃO CONSEGUIA FALAR, E QUANDO
FINALMENTE CONSEGUI DISSE, ME AJUDE NÃO VEJO MAIS SAÍDA, NÃO VEJO MAIS SOLUÇÃO
PARA MIM SE O SENHOR NÃO ME AJUDAR NÃO SEI O QUE FAREI CREIO QUE VOU ME SUICIDAR
PORQUE DÓI DEMAIS SER ASSIM .
Ele
foi o único que disse, calma que o leão é manso, e não vou abandonar seu caso.
Sai com uma esperança a tempos perdida, a esperança de novamente ser feliz com
meu corpo e meu peso.
Foram
meses de exames, consultas, terapia, e contando apenas com uma amiga (já
operada e por isso me entendia tanto), o apoio familiar veio bem mais tarde.
O
tempo passava e nada de operar, e veio o ano novo, fui passear em uma cidade da
região, alugamos uma casa na beira de um rio, o qual tinha um tablado. A
madeira cedeu enquanto eu estava parada em cima, conversando com os amigos, e
quebrou engolindo assim minha perna que por sorte ficaram apenas grandes
hematomas, o dono de propriedade ao ver o tablado me disse “você quebrou isso porque
você é obesa”, "porque construí isso pra aguentar ate 100 kg, qual o seu peso
minha filha?". Não respondi, não sei por que fiquei calada, se foi por
tristeza, vergonha, apenas engoli o choro... Arrumei as malas e voltei para
casa ali acabou minhas férias de fim de ano, então eu decidi que iria operar de
qualquer jeito com autorização do plano ou não. Pois ninguém merecia passar por
aquilo, eu não merecia passar por aquilo, tinha chegado ao meu limite, sempre
fui risonha, sociável, vaidosa, alegre, bonachona, mas não era mais. Não saia
mais como antes, não usava as roupas que queria apenas as que serviam, sempre
de preto pra disfarçar o impossível, com raiva de si e do mundo pro estar
assim, evitando espelhos, festas, bares, amigos, por vergonha de estar assim, não
era mais a gordinha de bem consigo mesma, era obesa, com obesidade nível 2
quase 3.
Quase
5 meses depois de conhecer equipe do Dr. Cesar e Dra Mariana (a melhor nutricionista
do mundo), minha cirurgia esta marcada. E quando olho pra data vejo que não e
uma cirurgia e um renascimento... “SINTO QUE ALI VOU RENASCER E REENCONTRAR A
CAROLA QUE SEMPRE FUI.”
Aos
amigos e familiares de outras pessoas com obesidade, por favor, escutem o que
ela precisa dizer, entendam que ninguém e assim ou esta assim porque quer... Não
fazemos de propósito, gostaríamos de termos sido agraciados com uma genética
igual a sua... Entendam OBESIDADE É DOENÇA. E quando buscamos pela cirurgia
geralmente e porque já tentamos todas as opções existentes, não escolhemos o caminho
mais fácil, mas e o único que nos darão o apoio
necessário para manter uma dieta pro resto da vida .
Minha
cirurgia esta agendada pra daqui a 18 dias, contagem regressiva, e somente o
fato de saber q toda minha vida mudara para melhor... Sinto uma felicidade
imensa...
Torçam
por mim!
Carola
Bernoh